quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Manaus, cada um por si.




Estou quase no fim de uma aventura em Manaus. Uma aventura das grandes, não tem cobra, não tem boto, não tem onça. Temos de eleger um candidato do PT a prefeitura de manaus. O PT não tem candidato a prefeitura há 20 anos. Ele se candidatou depois de um racha no partido. Saiu só e mal acompanhado, sem articulação nenhuma. O marketeiro só nos trouxe para cá por conta do PT de Belém que está dando uma força. O candidato que tinha 5 pontos antes dos programas começarem já chegou aos 12 mas não é nada disso que quero falar. Não quero falar de política, mas desabafar sobre minha frustração com o povo de Manaus. Essa tribo que nos deixa de queixo caído o tempo todo, todo o tempo. Eu me lembro bem das aulas de história onde o professor contava que os portugueses tentaram escravizar os índio, ensinar a lavoura e não conseguiram. Não porque os índios eram briguentos, guerreiros mas porque não gostavam de trabalhar, 500 anos depois continua a mesma coisa.
Enquanto era diversão estava tudo bem. Simpáticos, amigos. Agora, vai no supermercado, vai no posto de gasolina, vai no veterinário.
Pede pra alguém fazer qualquer tipo de trabalho. Caralho. Trabalhando eles são grossos, mal humorados, ignorantes, uns verdadeiros animais fora da selva.
As pessoas somem, não ligam, não atendem, não avisam, desaparecem. Não foi uma ou duas nem três. Foram várias pessoas de diversas áreas e não dá pra falar que é porque os paulistas tiram o couro deles, que forçam na carga horária de trabalho. Nunca uma equipe fez um trabalho tão bom com tão pouco estresse.
A última foi do melhor cinegrafista local que apareceu . Ele foi gravar no domingo a tarde e depois resolveu ir para casa. Foi pra casa com o carro, com o equipamento, com as fitas e pronto. A equipe que estava na produtora fechando o programa de segunda-feira ficou até as 3 da matina e nada da fita para fechar uma materia. Um detalhe: a equipe ficou trabalhando até as 3h era toda de fora.
Teve um assistente que começou num dia e gostou do trabalho e trabalhou super pouco, sumiu e nunca mais. O faxineiro que virou assistente por falta de equipe técina local, recebeu seu primeiro salário e nunca mais voltou.
Teve também uma produtora que pré produziu uma série de trabalhos e desapareceu, o diretor de arte local, poff, nunca mais. O editor local um belo dia faltou e não avisou, não ligou, nada. No outro dia muito calmamente disse que tinha umas roupas pra lavar.
Os assessores do candidato ficam de nos dar informações sobre os programas de governo do candidato e voltam depois de dois dias que o programa foi ao ar com um folha sulfite incompleta.
O responsável pela verba de produção mente tão descaradamente que fica claro para todos os de fora que é demência pura.
A primeira frase que nós aprendemos aqui foi “ esstá tudo certo, essstá tudo resolvido”, era isso que o dono da produtora local falava. Repetiu isso por duas semanas e meia, todo dia quando perguntávamos: “ cadê o carro da produção”? Ficou durante 3 semanas de arrumar telefone de trabalho, etc.
O candidato que está na frente das pesquisas governou o estado, foi prefeito e vereador por mais de 20 anos e isso reflete a escolha dos “Manauaras” que até hoje não tem água na torneira, mais de 500 mil.
Manaus tem de um lado o rio negro que se encontra com o Solimões bem a sua frente e tem a outra face da cidade banhada pelo rio Amazonas que é resultado desse encontro das aguas. Será que é falta de água para captar?
Isso aqui parece o fim do mundo. Um lugar horrível, sujo, sem tratamento de esgoto, sem escolas, sem creches, sem porra nenhuma, um povo sem civilidade com ricos morando em condomínios de luxo.
É tudo aquilo que conhecemos de Brasil multiplicado por mil. Uma capital brasileira, com um belo polo industrial muita natureza em volta e ponto.
Não vejo a hora de ver Manaus do alto.

2 comentários:

Cissa Carvalho disse...

Sou paulista e moro em Manaus há 3 anos. Trabalho numa agência de publicidade. Adoro viver aqui pelo senso de cidade pequena e civilidade - leia-se pouca violência - que aidna existe, e se extinguiu há tempos em SP. No entanto, concordo com você. Aqui todo mundo quer tudo fácil, sem trabalhar, e de preferência montando em cima dos outros. Vale passar a perna, fazer fofoca, vale tudo. Quando a gente tenta trabalhar direito e fazer as coisas funcionarem, ganhamos a fama de chatos. Quem puxa saco do chefe ganha bem pra reportar as coisas que acontecem na empresa, e pára por aí. Quem trabalha mesmo carrega as empresas nas costas em troca de uma salário irrisório. Mas não é só aqui não. Isso é feudalismo, e existe no país inteiro, até SP, apesar de que numa menor proporção.

INIT arte visual disse...

Oi cissa.
Nem me fale da violência de SP. É forte mesmo.
A segurança em Manaus é um ponto alto.
Eu saia da produtora tarde da noite carregando meu lap e ouvindo Ipod e cruzava a avenida V8 sem medo de ser assaltado.
Agora o resto é tudo verdade e você pelo visto sente isso.
Obrigado pelo comentário.
Fausto

PS: quem é vc?